O fim de semana foi movimentado e acabei "acumulando milhas" de tanto que andei pelos arredores da "Montanha Azul". Primeira atividade que fiz vinculado ao CODEMA, Comando de Defesa ao Meio Ambiente. Horários acertados, as 09:00 hs da manhã de um sábado de sol meio tímido, partimos via Estrada da Graciosa em direção a Porto de Cima, onde deixaríamos os carros em uma chácara. Dois carros, em um: Emerson, Sissi e eu e em outro, Daniel, Marcos e Junior. Começamos a subida pela velha estrada que dá acesso a Estação de Porto de Cima. Via um pouco íngreme, cercadas de pequenas chácaras. Em poucos minutos vencemos a ascenção e estávamos na construção abandonada, pichada e em ruínas; total descaso com a memória de milhares de trabalhadores que serviram suas vidas a favor da Ferrovia Paranaguá-Curitiba; e com os milhões que virão após nós e que não terão a oportunidade de conhecer a história e a memória preservada de um patrimônio que é nosso. Criança aprende o que vê... Por enquanto, só está aprendendo a esquecer seus valores...
Esse video é a Estação Porto de Cima
Sacos de lixo nas mãos e seguimos pelo trilho em direção a Estação Eng. Lange. Impressionante como o ser humano tem a capacidade de influenciar o meio por onde passa, quantidade enorme de todo o tipo de resíduos despejados, principalmente por duas situações: TURISTAS que utilizam os serviços da SERRA VERDE EXPRESS e não tem a mínima consciência ecológica, atirando de suas janelas latas de refrigerante, pacotes de salgadinhos e tantos outros resíduos; outra situação é a dos FUNCIONÁRIOS da AMERICA LATINA LOGÍSTICA, que deixam materias como luvas, lonas, pacotes de suco e bolachas, protocolos numerados de viagem e problemas, sem contar nos restos de fogueira, inclusive com dormentes novos, utilizados para esquentar seus almoços... Algumas horas depois, por volta das 13:30hs chegamos a Estação Eng. Lange e cruzamos o trilho e subimos a ínfima escadaria que dá acesso a casa que está cedida para uso do CODEMA. Depois de executar o reconhecimento do local, como não tenho sossego e não consigo ficar parado, resolvi ir para Estação Marumbi rever alguns amigos que ja estavam por lá... Convidei meus colegas do CODEMA, mas percebi que eles queriam descansar, pois recebi somente respostas negativas ao meu convite. Após 15 minutos pela trilha do Antoninho Palmiteiro (que quase virou calceteiro, após executar quase 4000 metros de calçadas em pedra no Marumbi), cheguei a Estação Marumbi. Nem deu tempo de vasculhar o local e ja revi alguns velhos conhecidos que não imaginava vê-los por ali naquele dia, como Chico Jecupê e Julliane Saci. Logo após encontro meu amigo Ivan, depois, Robertinho, Bia, Silvia, Haroldo e cia. limitada, que tinham acabado de almoçar. Depois de algum papo e uma visita ao tunel abandonado, resolvi descer a trilha para ver como as coisas estavam em Lange... Tudo bem, sossegado... Logo passa Fritz e Rose em direção ao Marumbi, trocamos algumas palavras e comuniquei que os visitaria mais tarde no Marumbi. Algum tempo depois, resolvi subir novamente a trilha de 884 metros em direção a Estação, e isso se deu durante várias vezes. Até que por fim me dei por vencido e resolvi esticar as pernas em meu saco de dormir as 22:45 hs. Acordei para ver as cores avermelhadas que o sol auroral causa nas paredes do Conjunto. após demorado café, o pessoal do CODEMA se estusiasmou e resolveram ir esperar outros membros do grupo que talvez chegasse junto com o trem de passageiros. O Marumbi faz-me sentir como um menino, não consigo parar de jeito nenhum, sempre andando pra lá e pra cá, vendo e conversando com vários amigos meus que estavam perambulando, sinto-me como se não "fosse de ninguem e de todos ao mesmo tempo", apenas compromissado em boas conversas descompromissadas e acabei fazendo o que nunca fiz ali, visitar o museu, a Pedra Lascada, Cemitério dos Grampos, pedacinhos esquecidos de um caminhante das alturas. Perambulando, as lembranças e os aprendizados se tornam vivos. Aprendizados estes que, em sua maioria, tive com um mestre, Robertinho... Mas isso é papo para outro capítulo, portanto, deixarei para depois em momento mais oportuno. Somente colocarei aqui dois aprendizados que se fizeram muito presentes nas minhas lembranças nesse meu gostoso final de semana, sobre as regras de conduta montanhística... Certa vez, Roberto me contava que em tempos remotos sempre existiram algumas pequenas desavenças, assim como era comum o porte e o manuseio de facões, sempre embanhados na cintura. Mas quando o clima esquentava, o negócio era na "porrada", no "braço". Jamais alguém puxou uma faca ou facão da cintura para acertar alguém, era motivo de desonra, quase uma "ex-comunhão", ninguém mais o olharia com humanidade e o indivíduo perderia sua dignidade.Pensei também sobre outra "regra": JAMAIS alguém era deixado para trás, nem mesmo morto. Era um pecado deixar alguém desamparado... Percebo que esses valores estão sendo deixados para trás... O individual está acima do coletivo, do outro... O que está em voga é o lixo, o caso, o acaso e a ocasião... Percebo que temos duas alternativas: Deixar que o mundo acabe em barranco e terminar de destruir a memória, tanto a física quanto a imaterial. Ou fazermos um pedacinho das coisas certas que aprendemos, para que a DIGNIDADE e os VALORES não morram...! Eu escolho a segunda alternativa, mas isso é uma decisão bem pessoal...
Fui a um dos poucos que não conhecia no Conjunto, o seu irmão menor Rochedinho, uma trilha super tranquila, com pouco mais de 30 minutos, de onde se descortina uma das visões mais completas do local.
A descida foi tranquila e super rápida. Logo estávamos felizes na nossa cidade natal para um bom e merecido banho quente...
Aqui acaba essa história...(fotos completas da aventura estão no Orkut, o endereço está no cabeçalho do Blog)