segunda-feira, 30 de maio de 2011

MARUMBI, e os trilhos de trem transformados em lixeira...

O fim de semana foi movimentado e acabei "acumulando milhas" de tanto que andei pelos arredores da "Montanha Azul". Primeira atividade que fiz vinculado ao CODEMA, Comando de Defesa ao Meio Ambiente. Horários acertados, as 09:00 hs da manhã de um sábado de sol meio tímido, partimos via Estrada da Graciosa em direção a Porto de Cima, onde deixaríamos os carros em uma chácara. Dois carros, em um: Emerson, Sissi e eu e em outro, Daniel, Marcos e Junior. Começamos a subida pela velha estrada que dá acesso a Estação de Porto de Cima. Via um pouco íngreme, cercadas de pequenas chácaras. Em poucos minutos vencemos a ascenção e estávamos na construção abandonada, pichada e em ruínas; total descaso com a memória de milhares de trabalhadores que serviram suas vidas a favor da Ferrovia Paranaguá-Curitiba; e com os milhões que virão após nós e que não terão a oportunidade de conhecer a história e a memória preservada de um patrimônio que é nosso. Criança aprende o que vê... Por enquanto, só está aprendendo a esquecer seus valores...
Esse video é a Estação Porto de Cima
Sacos de lixo nas mãos e seguimos pelo trilho em direção a Estação Eng. Lange. Impressionante como o ser humano tem a capacidade de influenciar o meio por onde passa, quantidade enorme de todo o tipo de resíduos despejados, principalmente por duas situações: TURISTAS que utilizam os serviços da SERRA VERDE EXPRESS  e não tem a mínima consciência ecológica, atirando de suas janelas latas de refrigerante, pacotes de salgadinhos e tantos outros resíduos; outra situação é a dos FUNCIONÁRIOS  da AMERICA LATINA LOGÍSTICA, que deixam materias como luvas, lonas, pacotes de suco e bolachas, protocolos numerados de viagem e problemas, sem contar nos restos de fogueira, inclusive com dormentes novos, utilizados para esquentar seus almoços... Algumas horas depois, por volta das 13:30hs chegamos a Estação Eng. Lange e cruzamos  o trilho e subimos a ínfima escadaria que dá acesso a casa que está cedida para uso do CODEMA. Depois de executar o reconhecimento  do local, como não tenho sossego e não consigo ficar parado, resolvi ir para Estação Marumbi rever alguns amigos que ja estavam por lá... Convidei meus colegas do CODEMA, mas percebi que eles queriam descansar, pois recebi somente respostas negativas ao meu convite. Após 15 minutos pela trilha do Antoninho Palmiteiro (que quase virou calceteiro, após executar quase 4000 metros de calçadas em pedra no Marumbi), cheguei a Estação Marumbi. Nem deu tempo de vasculhar o local e ja revi alguns velhos conhecidos que não imaginava vê-los por ali naquele dia, como Chico Jecupê e Julliane Saci. Logo após encontro meu amigo Ivan, depois, Robertinho, Bia, Silvia, Haroldo e cia. limitada, que tinham acabado de almoçar. Depois de algum papo e uma visita ao tunel abandonado, resolvi descer a trilha para ver como as coisas estavam em Lange... Tudo bem, sossegado... Logo passa Fritz e Rose em direção ao Marumbi, trocamos algumas palavras e comuniquei que os visitaria mais tarde no Marumbi. Algum tempo depois, resolvi subir novamente a trilha de 884 metros em direção a Estação, e isso se deu durante várias vezes. Até que por fim me dei por vencido e resolvi esticar as pernas em meu saco de dormir as 22:45 hs.  Acordei para ver as cores avermelhadas que o sol auroral causa nas paredes do Conjunto. após demorado café, o pessoal do CODEMA se estusiasmou e resolveram ir esperar outros membros do grupo que talvez chegasse junto com o trem de passageiros. O Marumbi faz-me sentir como um menino, não consigo parar de jeito nenhum, sempre andando pra lá e pra cá, vendo e conversando com vários amigos meus que estavam perambulando, sinto-me como se não "fosse de ninguem e de todos ao mesmo tempo", apenas compromissado em boas conversas descompromissadas e acabei fazendo o que nunca fiz ali, visitar o museu, a Pedra Lascada, Cemitério dos Grampos, pedacinhos esquecidos de um caminhante das alturas. Perambulando, as lembranças e os aprendizados se tornam vivos. Aprendizados estes que, em sua maioria, tive com um mestre, Robertinho... Mas isso é papo para outro capítulo, portanto, deixarei para depois em momento mais oportuno. Somente colocarei aqui dois aprendizados que se fizeram muito presentes nas minhas lembranças nesse meu gostoso final de semana, sobre as regras de conduta montanhística... Certa vez,  Roberto me contava que em tempos remotos sempre existiram algumas pequenas desavenças, assim como era comum o porte e o manuseio de facões, sempre embanhados na cintura. Mas quando o clima esquentava, o negócio era na "porrada", no "braço". Jamais alguém puxou uma faca ou facão da cintura para acertar alguém, era motivo de desonra, quase uma "ex-comunhão", ninguém mais o olharia com humanidade e o indivíduo perderia sua dignidade.
Pensei também sobre outra "regra": JAMAIS alguém era deixado para trás, nem mesmo morto. Era um pecado deixar alguém desamparado... Percebo que esses valores estão sendo deixados para trás... O individual está acima do coletivo, do outro... O que está em voga é o lixo, o caso, o acaso e a ocasião... Percebo que temos duas alternativas: Deixar que o mundo acabe em barranco e terminar de destruir  a memória, tanto a física quanto a imaterial. Ou fazermos um pedacinho das coisas certas que aprendemos, para que a DIGNIDADE  e os VALORES não morram...! Eu escolho a segunda alternativa, mas isso é uma decisão bem pessoal...
Fui a um dos poucos que não conhecia no Conjunto, o seu irmão menor Rochedinho, uma trilha super tranquila, com pouco mais de 30 minutos, de onde se descortina uma das visões mais completas do local.
A descida foi tranquila e super rápida. Logo estávamos felizes na nossa cidade natal para um bom e merecido banho quente...
Aqui acaba essa história...(fotos completas da aventura estão no Orkut, o endereço está no cabeçalho do Blog)

terça-feira, 24 de maio de 2011

O Grande Pasto do ARAÇATUBA





Bem, essa aventura começou na semana passada com o convite dos meus amigos, o gracioso casal Tebaldi. Ana e Gabriel teriam compromisso no dia 21/05 e não poderiam fazer uma atividade muito extensa. Eu também tenho me tornado um pobre servidor público, que ao menos um sábado por mês tenho que dedicar cerca de 4 horas sabatinas ao bem estar da população curitibana. Perfeito! O objetivo era o cume do Morro Araçatuba com 1673 metros de altitude, pertencente ao território do município de Tijucas do Sul/PR. No dia anterior uma ligação selou o combinado.

COMO CHEGAR NO ACESSO:
Pontualmente as 06:30 da manhã do dia 22/05/2011, aporto em frente a morada dos meus companheiros, que agilmente terminam de arrumar as coisas, e partimos rumo a estrada do Matulão. Aqui vai a dica para quem deseja chegar ao sitio de acesso saindo de Curitiba: Siga pela BR-376/101 em direção a Garuva, no KM 656,5 está a placa intitulada MATULÃO, uma entrada um pouco discreta a direita, que dá acesso a um vilarejo na margem da estrada. Siga SEMPRE pela via principal nas bifurcações que desviam para a direita e esquerda. Após uma grande descida, (haverá?) uma cobertura de eternit marca o rumo correto a ser tomado. Preste atenção! Bem na cobertura há uma estrada que se dirige à esquerda, é o caminho errado, alguns pequenos metros a frente pela via principal existe uma verdadeira bifurcação, onde você só pode escolher ir a esquerda ou a direita, é uma bifurcação que não existe a possibilidade "de seguir a frente ou pela principal". Há placas indicativas bem na bifurcação. Siga a esquerda. Após uma breve e ingreme descida, uma casa de material a esquerda com um grande gramado e uma casa de madeira, a direita da estrada, assinalam o inicio da trilha. A casa da esquerda é o lar de D. Felizberta, viúva de um simpático e acolhedor senhor chamado Amadeus, que deixou saudade nos frequentadores da região. Dizem que após 2 minutos de conversa, o transeunte que por ali passava logo virava um querido amigo do saudoso proprietário. A moradora cobra módicos R$10,00 por carro para deixar estacionado o veículo, usar os banheiros e perambular pela sua propriedade, onde fica o Araçatuba, além de uma descompromissada conversa.
A TRILHA:
Chegamos pouco antes das 08:00 da manhã e após alguns alongamentos colocamos o pé na estrada, digo, na trilha, hehehe. Entramos em um pequeno bosque de vegetação Ombrófila Mista, (mata de Araucária) e logo cruzamos um rio com agua gélida e cristalina. A subida nessa parte é tranquila, porém é perceptivel pois os corpos ainda se encontram frios. Pouco mais de 5 minutos a fresca vegetação se acaba e entramos em um samambaial, vegetação decorrente de inúmeras queimadas, sendo clara a passagem do fogo, haja visto a quantidade de madeira queimada e o solo em coloração enegrecida. Essa parte da subida é "idêntica" em boa parte da subida em direção ao Morro do Getúlio (Piolho) na Fazenda Pico Paraná. Mais alguns minutos atravessamos mais um rio e continuamos entre vegetação seca e esquálida. Tempos depois a trilha começa a percorrer os campos. Muitas pedras e inumeras, quase infinitas, trilhas feitas pelo gado marcam a passagem por essas paragens. Amigos meus já haviam me alertado sobre a infinidade de trilhas por lá existentes... Mas não sabia que eram tantas.Durante a travessia de algumas lajes de pedra, é muito fácil de entrar em alguma trilha errada. Sem problema nenhum, se não houver neblina, é claro! Se você não conhece o lugar e a neblina tomou conta da paisagem, e você está sem GPS... ACREDITE, VOCÊ ESTÁ ENRASCADO!!!
Bem, em algum lugar perto de uma cela que deveriamos atravessar bordejando o lado "meio-direito", ficamos na dúvida e tomamos a atitude de irmos ao encontro de um grupo de rapazes que estavam acampados no lado esquerdo do pequeno vale, que é encharcado devido as nascentes que correm do antecume do Araçatuba. Após alguns breves momentos de prosa, tomamos rumo em direção a uma parede na encosta de um morro. Esse morro é na verdade um vertente do Cume do Araçatuba que ficava invisivel nessa parte da caminhada, ou seja, estávamos subindo em direção a crista do antecume. Ali, Ana teve uma "aula" para dominar seus temores e superar limites, uma vez que tinha medo de subir paredes rochosas. Pois não é que aprende rápido? Instantes depois ja estava sapecando por entre um arbusto e outro em direção ascencional. Por alguns momentos tomei a frente, e em um pequeno platô perguntei aos meus nobres companheiros: E se eu dissesse que achei a trilha? Com dois olhares indagadores para mim, esperei a chegada deles ao ponto em que eu estava e pude observar a Ana boquiaberta, num misto de alivio e indignação, olhando uma larga e úmida trilha bem na sua frente, bordejada por uma verdejante vegetação pastoril.
É interessante salientar uma curiosidade: A todo momento você se vê em meio a dejetos bovinos, alguns mais antigos, outros com poucas horas, ficando evidente a presença deles naquele espaço. Porém, não vimos nenhum espécime para contemplação. Alguns metros a frente a trilha (?) tem uma variação que vai a esquerda para um morro um pouco mais baixo que o Araçatuba, neste ponto já é visivel o seu cume. A esquerda temos dois grandes vales que partem a alguns despenhadeiros. Logo a frente, uma bifurcação à direita leva ao cume do píncaro. Lógico que queriamos um desafio a mais pelas paredes e seguimos reto, passando por um desvio a esquerda que leva a uma grande pedra. Mais alguns metros e decidimos seguir ao cume pelas paredes. Nesse momento é que Ana mostrou que gostou de andar pelas rochas. Sai andando rumando para cima como um foguete. Gabriel ia na frente e foi o primeiro a chegar no fraguedo pináculo. Uma grande rocha assinala o cume, que por sinal, teve um BOSTA como visitante que teve o trabalho de entortar a caixa de cume. O livro estava em frangalhos e, para completar o ensejo, esqueci em casa um que sempre levo para substituição.  Logo o segundo grupo, o dos rapazes, chegou... e fui reconhecido. Indagado se não estava no 39o. Jantar da Montanha, respondi prontamente que sim, e minha identidade Papaelística Orkutal foi desvendada, rs. Conversa de cá, vento forte e gélido de lá, acabei observando que o grupo estava fazendo algumas investidas para a célebre travessia de 78 Km Araçatuba-Monte Crista... Do fundo do coração desejei sucesso na empreitada que, dizem, ser uma bela e inesquecível travessia por campos e vales. Bom, a descida não teve nenhum imprevisto, sempre pela ,agora bem demarcada, trilha principal. Entre uma piadinha e outra, coisa que Gabriel faz muito bem, descemos felizes e tranquilos. As 15:30 já estávamos em território curitibano e prontos para mais uma aventura...