segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Do outro lado da Galheta...

É engraçado como a vida nos coloca oportunidades, desde que estejamos abertos a aceita-las.
Em um momento, sem perceber, estava em contato com duas personalidades da qual me sentiria amigo de anos. Alba e Evelyn se tornaram amigas minhas por intermédio da rede social FACEBOOK, que por alguns anos eu próprio (desculpem a redundância) me auto-excluia, por motivos bem pessoais. Em dado momento, quando resolvi me render aos prazeres dessa rede (risos), conheci essas meninas, que detém um senso crítico enorme, com opiniões bem formadas e inteligentíssimas...
Ao me convidarem para fazer parte de um passeio, vi que um sonho de anos estaria próximo de se concretizar. Tinha estudado várias referências anos atrás, sobre a importância histórica, cultural e ambiental do lugar. Havia lido muito a respeito de sua fauna, das construções, dos complexos, do contexto social, enfim...
Estava indo para a “paradisíaca” Ilha do Mel.
Durante a semana fomos combinando os detalhes, mas tudo só ficou verdadeiramente acertado na manhã de sexta-feira (30/09/2011). Evelyn já havia se evadido da capital paranaense na manhã de sexta. Alba, por motivos acadêmicos, iria comigo no sábado matutino.
Portanto, as 06:30 da manhã de 01 de Outubro de 2011, Alba embarcava na joaninha em direção ao pequeno porto que leva à “Honey Island”.
Conversando do começo ao fim nem vi o tempo passar, uma curva após a outra chegamos ao final da primeira parte de nossa aventura. Chegamos logo após as 08:10 no referido porto de embarque e conseguimos escutar o motor da embarcação que passava a alguns metros de distancia de nós... Havíamos perdido o barco, o próximo com saída prevista somente as 09:00hs. Sem pressa, estacionamos o carro, fizemos os preparativos para a partida, compramos a passagem e tivemos tempo para um bate-papo com Andrey Romaniuk, conhecido escalador e montanhista, que estava por aquelas paragens mudando um pouco ares.
Para mim era tudo novidade, afinal, só conhecia aquilo tudo pelos livros, folders, músicas e sites que tinham a Ilha como tema.
Partindo de Pontal do Sul, o trecho da travessia pelo canal da Galheta dura em média de 20 a 30 minutos. Uma travessia bonita que com a aproximação da ilha, foi tornando o contorno mais claro e concreto daquele bioma. A embaração atraca em um trapiche já um tanto surrado pelas interpéries litorâneas, mas ainda cumpre bem o seu papel. Para os incautos vale uma dica: Antes de embarcar, verifique em qual barca você está entrando, verificando qual será o seu destino: BRASÍLIA ou ENCANTADAS, no retorno é bom perguntar se estará voltando para Pontal, caso contrário, você dará um passeio em Paranaguá...
Alba Kosinski, descendente de poloneses (eu continuo insistindo que é de ucranianos, ainda mais quando falou que a origem de sua família é da Galícia), é uma figura encantadora, com algumas décadas de dedicação ao pára-quedismo e ao ensino, leva a vida de forma despreocupada, levando consigo a experiência simples de como ser feliz. Espírito inquieto, estudou até o que não podia, o que nos faz ficar de olhos vidrados quando começa a dialogar. Conhecedora da região, foi de certa forma, minha guia pessoal, contando detalhes do relevo, das construções e dos hábitos bem peculiares dos moradores.
Evelyn Laitz, “the English Teacher”, é uma paulista que se encontrou em Curitiba. Possuidora de qualidades invejáveis como serenidade, confiança, inteligência e senso de humor, faz também com que nós tenhamos uma proximidade muito grande, como se fossemos amigos de anos. Nunca fica parada, vive viajando e tenta apropriar-se do máximo de conhecimento que puder. Sempre disposta a pensar, cria situações para que sintamo-nos a vontade. Uma graça de pessoa, preocupada com o bem-estar de seus companheiros, já estava nos esperando no centro de visitantes, que fica no final da passarela do trapiche de BRASÍLIA...
Após breves saudações, segui com olhos atentos os metros de trilhas que nos levavam ao MARIMAR Hostel Internacional, local em que nos acomodamos. Percebi durante a caminhada as diversas trilhas e ramais que saíam, ora pela esquerda, ora pela direita, da trilha principal. Ficava imaginando para onde aquela grande teia daria, e qual eram as belezas que ficavam ao final de cada ponto dela.
Entre uma pousada e outra, intercalada com os restaurantes que ali figuram, as paisagens vão se modificando. E entre um clique e outro, vamos caminhando, entre as trilhas, praias ou descendo (no melhor estilo escalada) as pedras que ficam na orla, chegamos na tão famosa Gruta das Encantadas. Reza a lenda, que alguns pescadores e visitantes que passavam por ali eram hipnotizados por uma linda sereia, que detinha uma voz encantadora. Os homens, loucos de amor e em transe, se jogavam ao mar, ou entravam enamorados na gruta. Quando a maré subia morriam afogados, pagando seu amor com a própria vida. Céticos acreditam que o álcool etílico tem o mesmo efeito ali...
Após vários cliques, com direito a dois pequenosboulders nas paredes rochosas, fomos em direção a uma outra vila distante 600 metros da gruta: A Encantadas. 

Estimulamos o comércio local, e resolvemos que continuaríamos o bate-papo na barca que faz o tráfego entre Encantadas e Brasília. Após alguns minutos, estávamos atracados novamente em Brasília e nos dirigimos por uma trilha até a Praia do Farol para esperar o por-do-sol daquele local que foi erguido sob a ordem do Imperador D. Pedro II em 1870. Mas como nada nessa vida é tão certa, o sol, sem nossa permissão, acreditou que poderia se recolher sem mostrar seu esplendor e beleza... Ele estava certo...

Voltamos para nossa pousada pela orla marítima como a brisa fazendo cócegas em nossos rostos felizes e, ao chegar no Marimar, conversei com o simpático administrador da pousada. Ouvi suas estórias e apontamentos sobre o lugarejo e continuei fazendo minhas perguntas, voraz de conhecimento. Donizete comentou como viviam ali sua esposa, seu casal de filhos e ele; e de como esse pé-vermelho de Nova Londrina, cidade do noroeste do Paraná, veio parar ali. Fala com um carinho especial da Ilha, aliás, isso é sempre uma constante.
Em escala, fomos revesando no banho e após um saboroso vinho, resolvemos dar uma voltinha, quase uma procissão, pelos forrós que teriam naquela noite. Porém, uma chuva tímida começou a cair e deixamos de visitar o bailado mais distante, dando uma breve passada nos outros dois mais próximos. Em tempos idos o forró corria solto nas vilas praianas, porém o que se vê hoje é na verdade a introdução do “Sertanejo Universitário”. Portanto, é um evento chamado forró que não tem forró, de uma música chamada sertaneja que de sertanejo não tem nada, enfim, modernidades...
Vencidos pelo sono, fomos embalados pelo suave sopro de Morfeu. Envolvidos pelos braços aconchegantes do Sono descansamos para mais um novo dia que estava por vir.
Choveu a noite inteira e a metade da manhã também. Quando estávamos já resignados eis que a chuva deu uma trégua e, sem pensar muito, tomamos nossas mochilas de ataque e nos colocamos a caminho da Fortaleza.
A Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres foi construída em 1767 a mando do Rei José I de Portugal, para resguadar o império das invasões estrangeiras que aconteciam durante os séculos XVIII e XIX. A Fortaleza contém em seu pátio de guerra alguns remanescentes de canhões do final do século XVIII. No pátio principal, jaz em perfeitas condições a atual Administração e uma biblioteca comunitária muito bem formada, com um excelente acervo e bem próprio para o local, as coleções que estão ali são de enchem de entusiasmo um amante da leitura, nesse lugar funcionava a Casa de Guarnição; ainda no pátio principal temos o paiol de pólvora, que hoje é utilizada como almoxarifado, as ruínas da casa do Comando (Quartel-General) e as ruínas da Casa Soldadesca (Quartel da Tropa). Mais a frente, na lateral do pátio, olhos atentos verão as pedras que serviam de pilastras onde estava erigida a Capela em honra da padroeira do Forte e, logo mais adiante, uma fonte d'água onde os que ali trabalhavam serviam-se de água doce. Em um patamar meio metro mais baixo, bem em frente a Administração está o portal principal da fortaleza, onde se encontrava a cadeia, duas salas administrativas e onde se encontra as duplicatas, originais da época, das égides que figuram e adornam a entrada principal da Fortaleza. Uma verdadeira obra de arte, onde os olhos se enchem de orgulho diante de tantos detalhes e percebem como que, em tempo remotos, as edificações iam muito além apenas da funcionalidade. Feitas com amor e estima, um primor que deixa ensandecido um “historiador curioso” como eu. Ao lado da Administração começa a trilha que leva ao alto do Morro da Baleia, lá estão canhões mais recentes, do inicio do século XX (1905-1912). De um mirante, é possível ver um pedaço da ilha, a baia e a Ilha das Peças.

Durante a volta, passamos pela vila de Nova Brasília, lá se encontra o reduto estudantil, formado pela escola que atende do ensino fundamental ao médio.
Em todas as vilas ( Nova Brasília , Fortaleza, Vila do Farol e Encantadas) mas principalmente nas duas últimas, foi onde realmente eu vi o encanto da Ilha do Mel. As vielas são relativamente estreitas, porém largas para sua função, a passagem de pedestres, pois não há carros transitando por lá. O transporte logístico de materiais e mantimentos é feito em um material parecido com padiolas, pois são carrinhos de madeiras sobre eixos com pneus de carro. A via é cercada de vegetação e areia que em conjunto com as estruturas de madeira e vidro das construções, compõem uma certa aura de tranquilidade e harmonia, no melhor estilo “psicodélico-alternativo-bicho grilo”. As crianças e os cães brincando na praia sem nenhuma repressão e tampouco preocupação tão um tom ainda maior de simbiose ambiental comunitária. Em um misticismo difícil de explicar, parece que até mesmo o bater de asas de uma borboleta é um sinal de que a natureza lhe agregou também.
Passei dois dias incríveis na companhia de duas excelentes pessoas. Pareciam quatro dias, de tão intensas que foram essas vivências, mas de modo algum foi sacal. As conversas, muitas descomprometidas, outras um tanto profundas com caráter de conhecer o âmago dos companheiros de aventura, foram um divertimento à parte, que renderia um texto complexo e extenso para discorrer sobre o assunto.
Quando estávamos indo para o trapiche para voltarmos a civilização, que ocorreu sem maiores problemas, vi duas moças que caminhavam em sentido contrário ao nosso, indo para o interior da ilha; conversando, uma delas fez o comentário mais pertinente a respeito desse canto maravilhoso:
“- Que isso aqui é um paraíso todo mundo sabe... Quero que alguém me conte agora uma novidade!”

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A musica atraves do mundo Parte II

Em minhas várias pesquisas e estudos musicais, sempre ouvi que o que movimenta e une os povos é uma linguagem universal: a música. Navegando pelo orkut, encontrei esse material que achei fascinante...
Dessa vez a música é Imagine, de John Lennon... Na voz do mundo!

domingo, 18 de setembro de 2011

CONCEIÇÃO, a fronteira final da Janela perdida.

"Roberto, preparando-se para esta aventura, pensou em filmes de terror, nos mineiros chilenos soterrados por longos dias e noites. Pensou em quanto tempo iriamos resistir em caso de obstrução da saída."
            Tudo começou em 1961, quando a Central  Elétrica Capivari-Cachoeira S/A (ELETROCAP)empresa responsável pela administração na época e incorporada  pela COPEL, no final da obra, que era e ainda é, responsável pela geração e  fornecimento de energia elétrica no estado,  resolveu que Antonina seria um ótimo local para a construção de uma usina hidrelétrica subterrânea. Acontece que o aproveitamento dos rios da região era insuficiente, mas poderiam resolver esse “pequeno” problema com a construção de um reservatório no planalto, com o aproveitamento do curso do rio Capivari que fica a 15,4 km do local onde ficaria a usina. Entre um e outro se encontra a Serra do Ibitiraquire, ou seja, os pontos culminantes da região Sul do país; local esse que é a morada de gigantes como o Pico Paraná (1877m.), Pico Caratuva (1860m.), Pico Ibitirati (1870 m), Pico Ferraria (1835m.), entre outros. A solução seria transpassar a serra com um longo túnel que uniria o planalto ao litoral.
           Enfim, depois de muito trabalho, após 9 anos de preparativos e construção foi inaugurada a Usina Hidrelétrica Governador  Parigot de Souza (UHPS), ou simplesmente Capivari-Cachoeira, nome dos rios que estão envolvidos para a sustentabilidade da obra.
          Pessoalmente, conhecendo o relevo da região, e levando em conta a tecnologia que era aplicada em uma época onde recursos como internet, GPS e outras facilidades não eram utilizadas, reconheço que foi uma obra quase que inimaginável de se concluir. Com certeza, quem anda hoje pelos quilômetros que cercam as obras, deve se perguntar como hoje em dia é possível ser concretizado tal feito, imagine na década de 60.
Bom, após esse breve retrocesso na história, vamos ao presente.
Roberto e eu algum tempo já íamos nos “cutucando” para a visita desse, quase nunca visitado, canto da serra: A Janela da Cotia e a longínqua Janela da Conceição.
Essas janelas, com respectivamente 400 e 1500 metros de extensão, são acessos ao túnel principal que conduz a água da Represa do Capivari na BR-116 até a sala de máquinas subterrânea, em Antonina. Além de acessos, esses túneis eram usados para a retirada do material escavado do túnel principal.
Como sempre, após curto contato telefônico na véspera, Roberto comentou que não estava com muita vontade de “madrugar” para seguir viagem e acertamos que às 09:00 da manhã nos encontraríamos no já tradicional pátio da DIVESA/TREVO DO ATUBA, saída para o Ibitiraquire.
Descemos a centenária Graciosa, e na localidade de São João da Graciosa, tomamos à esquerda, com destino à Antonina. Percebemos um marco de pedra  na margem da rodovia e, curiosos como somos, fizemos o retorno para averiguar do que se tratava. A princípio, refletimos que o marco de pedra com duas placas de bronze, uma referente à  data de restauração do marco na década de 80 e outra alusiva à data de morte (09/06/1917) do Coronel Francisco Antônio Marçalo, poderia ser o próprio túmulo desse importante vulto histórico de Antonina. Esse dado ainda não está ratificado por nossas mentes curiosas, portanto não temos certeza que ali jaz o referido cidadão.
Três quilômetros antes do centro da cidade tomamos novamente à esquerda, destino de quem vai à Guaraqueçaba, Rio do Nunes, Cacatu, Cachoeira de Cima e, assim como nós, à localidade onde termina a estrada, Bairro Alto.
Fiquei empolgado ao ver os vários píncaros que já visitei, vistos de uma nova perspectiva. Sempre tive contato com aquelas porções montanhosas à partir das fazendas acessíveis pela BR-116, e durante o percurso que leva à entrada da propriedade da COPEL/UHPS, os vi ainda mais majestosos e colossais, afinal, estava avistando-os quase a nível do mar.
Enfim, após passar o esqueleto abandonado da antiga Usina Hidrelétrica da Cotia (Cotia, além de nomear a Usina, é o nome do rio que nasce no vale entre o Caratuva, Pico Paraná e Ferraria e era responsável pela força hídrica para o funcionamento da Usina), rumamos para a última fazenda, onde começaríamos a caminhada para o histórico (e quase fictício) “Caminho da Conceição”.  Após breve diálogo com uma moradora começamos a subida do trecho. Durante a caminhada, cruzamos com vários vestígios, tanto da construção da Capivari-Cachoeira quanto do que sobrou da estrutura da Cotia, tais como aquedutos, canos-túneis, muros de arrimo e pontes.
A caminhada se dá, quase que em sua totalidade, em uma estrada larga e pavimentada com cascalho; não por menos, afinal, para a construção da Parigot de Souza, caminhões  maquinarias e fuscas tinham que ter acesso aos terrenos da empreita, e hoje a mesma estrada é utilizada para a manutenção das torres de alta tensão, a qual cruzamos bem mais a frente.  Até a alguns anos atrás, essa mesma estrada estava tomada pelo mato e o que se via era apenas uma estreita trilha com suas adjacências planas. 
Quando a estrada alcança o Rio Cotia e a famosa ruína da ponte dos troncos, o caminho começa a se tornar o que era antes, uma trilha; pois como a ponte quebrada não permite a transposição de tratores ou caminhonetes 4x4, o visitante se vê obrigado a seguir a pé, se já não o fez desde a Fazenda, como foi o nosso caso, que viemos desde a porteira caminhando.








Após passar a ponte, cerca de 100 metros à frente, um olhar atento permite perceber que a esquerda se encontra uma bifurcação.  Essa trilha, que segue por um leito seco de rio, sobe bordejando a margem pela direita do rio Cotia. Olhando atentamente, consegue-se perceber que esse leito de rio seco foi calçado com pedras do mesmo, na época da construção de uma das usinas.  Alguns consideráveis metros a frente a trilha cruza o rio e segue subindo, também pelo leito de um rio seco, porém, pela outra margem do rio Cotia; passando por alguns destroços e carcaças enferrujadas. Vale a dica: tome muito cuidado nesse trajeto, tanto para evitar escorregões (pois existem muitos pedaços de arames e armações que facilmente penetram na pele e também para evitar descer cachoeira abaixo) quanto pela subida repentina do nível do rio (estamos na Serra do Mar, qualquer chuva na cabeceira pode se tornar enxurrada e cabeça d’agua, ficar ilhado pode ser tornar um problema ou até mesmo ser levado na travessia do rio). Metros a frente a trilha torna a cruzar novamente o rio Cotia, num local onde se encontra uma piscina natural, seguindo agora pelo leito do próprio rio. Após aproximadamente 10 a 20 minutos se vê claramente do lado direito um barranco, meio desmoronado e com bases de concreto. Trata-se do Discoporto: um platô quadrado, concretado, com algumas herbáceas e que era usado para o armazenamento do material retirado da britadeira usada para perfurar o Túnel da Janela da Cotia. Para chegar a boca da Janela, a receita é fácil: após chegar no Discoporto, cruze a ponte de ferro antiga, o Túnel estará do outro lado dessa estrutura que era usada pelos vagonetes que retiravam o material e depositavam do outro lado do rio.
Se o leitor não entrar nessa bifurcação que descrevi acima, então continuará “reto” pelo caminho da Conceição, que vai subindo ladeira acima e passando por alguns charcos.
Mais a frente uma larga trilha com saída pela esquerda  se encontra com o caminho da Conceição. Trata-se da Picada do Cristóvão. Essa picada antiga, ligava em tempo idos, os moradores de Antonina e região a várias localidades do planalto como Terra Boa, Capivari e, em minha opinião, a moradores do que hoje conhecemos como Bocaiuva do Sul, em um tempo em que a represa era apenas o leito do estreito Rio Capivari, que nasce na divisa de Colombo com Bocaiuva. A Picada do Cristóvão, hoje, passa ao lado de picos como o Ferreiro e o Guaricana, ligando os extremos de Bairro Alto com a Fazenda Pico Paraná e Fazenda Rio das Pedras.
Mais a frente, o caminhante cruza os fios de alta tensão e ao lado a Cachoeira dos Cabos, que leva o nome justamente por estar ao lado dos cabos de alta tensão. Cruzará uma ponte de ferro e seguindo pela trilha em um capinzal deverá tomar o rumo levemente a esquerda, percebendo a continuação da trilha.
Metros a frente, chegará ao Cânion do rio (nome do rio) e cruzará a segunda ponte de ferro.
A partir daqui a caçada começa.
Já li e ouvi vários relatos de pessoas que a partir desse ponto, mesmo já tendo visitado o local algumas vezes,  procuram muito  e não acham a tal Janela, como se ela simplesmente sumisse do mapa.
Após passar a ponte, procuramos por um tempo e não achamos nada. Ponderamos que seria melhor armar acampamento próximo ao rio e então estaríamos sossegados para procurar melhor, sem a mochila nas costas.
Tomei a liberdade de ligar para um conhecido montanhista, frequentador da região, para pedir melhores informações. Roberto e eu procuramos durante algumas horas, subindo os barrancos e chegamos no final do vale e nada de Janela. Com o cair da noite, achamos melhor deixarmos para procurar com a luz do dia.
Durante a noite, liguei para outros dois montanhistas, e com a união de informações, tínhamos mais base de dados para procurar no outro dia.
Achar o túnel tinha se tornado questão de honra, e combinamos que a acharíamos nem que demorasse mais dois dias, afinal, tempo não era nosso problema.
A chuva começou a cair durante a noite e continuou, hora sim hora não, durante o resto da manhã... Sem pressa, levantamos tarde e após um café, retornamos a “bater” nos locais que procuramos no dia anterior. Refletimos nos dados que tínhamos e resolvemos procurar barranco abaixo e não acima como estávamos fazendo até ali. Tomamos o rumo que deveríamos ter tomado desde o início...
Para quem quer chegar na Janela da Conceição aí vão as dicas perfeitas para o sucesso... Mais mastigado que isso, vai perder a graça:
Após atravessar a segunda ponte de ferro, alguns metros a frente, verá um paredão de pedra quebrada (provavelmente com dinamite) do lado esquerdo, antes de terminar essa parede e começar um barranco, haverá (?) uma árvore caída. Nesse ponto, ao invés de seguir reto, subindo, faça uma leve curva a direita, sempre no nível da ponte. Perceberá que estará em um platô, de pedra brita, onde a vegetação é rala e espaçada. Siga em frente e logo chegará a uma plataforma em forma de H, toda de concreto. Suba na plataforma e cruze-o descendo logo em seguida. Antes de descer da plataforma, um olhar atento levemente para a esquerda poderá perceber a placa branca que assinala a entrada da porta do túnel. Após descer, ande por 50 metros levemente na diagonal esquerda e perceberá “degraus”, restos de concreto e logo a frente, encravado na rocha, a Janela da Conceição. Percebemos que, no dia anterior, estávamos andando por cima do túnel procurando na parte superior.  









Lembre-se: a entrada do túnel fica entre 100 a 200 metros de distância da segunda ponte de ferro.
Entramos no túnel e andamos os 1500 metros que separam o mundo externo com a comporta de acesso ao túnel principal. Uma caminhada simples, por pedra brita, que em alguns momentos fica submersa obrigando ao visitante molhar suas canelas e encharcar suas botas.
Roberto, caçador, finalmente encontrou a presa. Ali escondida, camuflada. Ou seríamos nós a presa e ela, a porta de aço encravada na montanha, a caçadora? Não seria entrar ali e cair numa armadilha, quiçá mortal?
Por instantes relembramos algumas poucas narrativas sobre este local, de aventureiros que aqui estiveram, os últimos, suponho que uns três anos passados "Em alguns trechos a água chega aos joelhos" descrito por alguém com mais de 1,80 mts, “Pareceu-me profunda do alto dos meus 1,60 mts”, pensou Roberto. “E a fezes de morcegos exalando um odor insuportável, infectando chão, paredes e tornando o ar quase irrespirável”.
Quem sabe lá dentro não encontraríamos as mais aviltantes criaturas, num reino de trevas e medos?
Roberto, preparando-se para esta aventura, pensou em filmes de terror, nos mineiros chilenos soterrados por longos dias e noites. Pensou em quanto tempo iriamos resistir em caso de obstrução da saída.
Levou luvas e máscaras descartáveis. Levou até mesmo caneta e papel para um improvável bilhete de despedida. Não teria palavras trágicas, certamente.
Fomos entrando...
E nos tranquilizando, maravilhados pela revoada de morcegos, agora não mais assustadores, mas sim, graciosos. Num imenso condomínio de dezenas de famílias penduradas no teto e em pontas de ferros encravados nas laterais do túnel.
Ao brilho das luzes das lanternas, realizavam um bailado ao decolarem em sequência, alguns retornando em seguida, outros revoando incomodados com nossa intromissão.
Fomos apreciando esta grande obra dos homens em direção ao coração da montanha. Formações rochosas típicas.  Água límpida vertendo por frestas e furos. Dela não emergiriam anacondas e alligators, então abandonamos nossas perneiras para melhor caminhar nos rasos trechos alagados.
Concluímos que foi uma noite melhor, acampados fora do túnel. Ali dentro seria inevitável o sentimento de estar num túmulo na montanha.
Paramos algumas vezes para olhar a cada vez mais distante luz da entrada, com visão da revoada dos morcegos.
Os números pintados na parede marcam o avanço da jornada. Na altura dos 1200 metros, caminhamos rápidos e agora só olhávamos para a escuridão, além do alcance da luz de nossas lanternas.

Então, eis que algo reflete: A porta interna que dá acesso a galeria principal de adução da Usina Hidrelétrica Parigot de Sousa. Pelo tempo aqui  colocada, está em ótimo estado. Pelo método construtivo e instalação, demonstra a imensa força que pode suportar.  Do outro lado, passa a água que movimenta as turbinas lá embaixo.
Nos cumprimentamos por mais este objetivo alcançado.
Olhamos demoradamente cada detalhe. Fotografamos de vários ângulos. Rimos com uma estalagmite de forma pornográfica e iniciamos o retorno.
Toda volta sempre parece mais rápida, mas desta vez sentimos que aquela porta de saída não chegava nunca. As perneiras que deixamos para trás, pareciam ter sumido, mas o cálculo de distância enganou nossa percepção aqui dentro. Estavam, claro, onde as deixamos, bem visíveis, aguardando resgate.
Chegamos então de volta ao mundo exterior, mas antes nos retemos algum tempo, ainda dentro do túnel, para fotos e sensações finais.
Fechada a porta, segue a vida.
            As luvas e máscara descartáveis nem saíram de onde estavam, o ar estava agradável.
              E meu amigo, Roberto, não escreveu aquele bilhete de despedida...  (obrigado, Deus.)
A volta foi rápida e sem problemas, uma vez que a estrada está em perfeita condição de uso, numa caminhada, embora longa, bem suave serra abaixo.
Estava assim concluída mais uma aventura que estava registrada apenas nos meus sonhos e nos relatos de outras pessoas que já foram pra lá...
Estava conquistada assim a Conceição, a fronteira final da janela perdida...


Texto: Rafael Kozechen Pereira Souto e Roberto M. Carneiro
Agradecimentos especiais a “E. D. F.”, “R. G.” e “ G. C.”

Fotos completas no link do Orkut
http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=12408193263656446095&aid=1315723771 Fotos de Papael


Video no Youtube  (Em edição)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Entre flores e espinhos...

Não sou a mesma pessoa que fui ontem, tampouco pretendo ser amanha o que estou sendo hoje. O tempo muda tudo: Acalenta a alma e cura os corações partidos. Enquanto os ponteiros se movem é assim: Ora acertamos, ora erramos. Estamos sempre aprendendo a viver!

domingo, 31 de julho de 2011

A música através do mundo

Em minhas várias pesquisas e estudos musicais, sempre ouvi que o que movimenta e une os povos é uma linguagem universal: a música. Navegando pelo orkut, encontrei esse material que achei fascinante...
Se trata da musíca Stand by me, do John Lennon... Na voz do mundo!
Aproveitem:

domingo, 17 de julho de 2011

Voaram sei lá p'ra onde...

E depois de tanto tempo,
percebi que no varal onde pendurava minhas coisas,
meus sonhos, minhas metas...
Um vento soprou e levou...
Por sorte, as coisas que perdi e  voaram de meu varal
fizeram sobrar espaço                                                                  
para pendurar as folhas que ainda estão em branco...
Das coisas que ainda escreverei de você...

(Inspirado em "O Varal" de Maíra Viana - O Teatro Mágico em Palavras-)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pico Ciririca, a travessia por cima até o K-2 paranaense

   Três dias de caminhada sobre vegetação baixa, vales, florestas, campos de altitudes, repletos de lindas paisagens e de companheirismo...
               Modéstia a parte, se a trilha até o Ciririca já é temida, porque não fazê-la por um jeito mais dificil?
          Após a baixa de um dos companheiros, Luiz Suzuki que já havia ido até o Ciririca pela trilha de baixo 2 semanas antes em companhia de outros amigos seus, ficamos apenas Roberto e eu para realizar o projeto de meses ( ou anos) atrás.
          Resolvi ajeitar a mochila na noite que antecedia o dia de saída, e quando fechei a mochila pela primeira vez achei relativamente leve, lembro-me de uma coisa aqui e outra ali e o peso foi aumentando. Ao final, fui socando coisas... A mochila ficou, sem relatividade, muito pesada.
     Combinado os acertos finais, saimos do trevo do Atuba, as 7:25hs do dia 08/07/2011 em direção a Fazenda da Bolinha, Bolinha era uma cachorra, já falecida, que acompanhava os montanhistas até o cume do Ciririca.
     Após os preciosos alongamentos, as 8:30 hs, tomamos o rumo da trilha, que na primeira hora é a mesma tanto para a trilha por baixo quanto por cima.
     Às 9:45hs hora de tomar a esquerda na bifurcação em direção ao primeiro cume da travessia - o Camapuã - logo depois da mata erigimos na longa rampa rochosa desse píncaro. Com algum esforço, com mochilas cargueiras, chegamos no ápice do Camapuã e sem demora tomamos o caminho para o vale que separa o Camapuã e o Tucum, segunda montanha do dia. Mostrei apenas a direção para o Roberto de uma bica que fica nesse selado, pois preferi mostrar "in loco" a gruta com água que fica na encosta do Tucum à esquerda da trilha.
     A partir deste cume é que a coisa fica brava, pois a descida desse vale é muito ingreme e extensa. Em exatos 2 meses antes, já havia feito um ataque até o Cerro Verde para verificar o caminho que seguiria meses depois, deixando inclusive água no cume em caso de alguma emergência.
     Inicialmente, o plano era para acamparmos no Luar. Deixaríamos as mochilas na bifurcação CERRO VERDE/TUCUM/ LUAR, e seguiríamos até o cume do Cerro Verde mais leves e, lógicamente, mais rápidos. Essa bifurcação é praticamente um trevo: Forma-se um T: para quem vem do Tucum,  depara-se com uma trilha perpendicular, a direita segue-se para o Luar e Meia-Lua, a esquerda segue-se para o Cerro Verde e Itapiroca.
     Quando chegamos nesse "trevo", ponderamos que já se fazia tarde e não alcançaríamos o cume do Luar, que para mim era desconhecido, ainda com os raios solares. Tomamos, acredito eu, a decisão mais correta de toda a caminhada: armar acampamento no Cerro Verde. Tinhamos água, pois já havia deixado no cume, eu conhecia o lugar, portanto, sabia que ali o pouso seria tranquilo.  Passamos pelo cruzo do Itapiroca que segue à esquerda da trilha até o Cerro Verde, já um tanto cansados da caminhada. Quando chegamos na área de acampamento, que fica a uns 50 metros do cume, já era por volta das 16:00 ou 16:30hs. Justifico-me, mesmo não precisando, de nossa demora: Com mochilas pesadas, tínhamos comida de sobra e tinhamos em mente 1 dia a mais de caminhada e ainda mais um dia de reserva, em caso de algum percalço grave, portanto tempo não era nosso problema. Ao chegar na clareira, Roberto não queria mover nem um músculo a mais sem necessidade, mas incentivei-o a largar sua mochila e seguir ao cume do Cerro Verde, o centro do espetáculo!
           Durante toda a caminhada havia falado para meu companheiro que lhe mostraria a magia que cerca esse cume, e quando estávamos  no alto no Camapuã em direção ao Tucum, fiquei um pouco perturbado ao acompanhar as nuvens vindas do litoral batendo nas paredes do Ciririca, logo depois nas encostas do Luar e fechando essa porção serrana... Bem...acontece que restou a visão aberta apenas do Itapiroca e do Tucum... Espetáculo em 1 ato. O cume do Cerro Verde fica bem no meio da serra do Ibitiraquire, dele avista-se com perfeição o Conjunto Ibiteruçu ( Ibitirati, União, Pico Paraná, Tupipiá e Camelo), o Tucum, Pedra Branca, Morro do 7, o conjunto Marumbi (Esfinge, Ponta do Tigre, Gigante, Olimpo), a baía de Paranaguá, Antonina e o porto (ponta do Félix), Caratuva, Itapiroca (que parece um vulcão adormecido), Luar, um pedaço do Agudo da Cotia e, nosso objetivo maior, o Ciririca.  Livro de Cume assinado, após breve lanche, começamos a ajeitar o acampamento e nossa refeição. Os olhos sempre estavam voltados para elas: as Placas que assinalam o cume do Ciririca.
Roberto com olhares voltados ao grande objetivo: o Ciririca.
     O amanhecer trouxe-nos a surpresa: um dia claro e sem nuvens... Acampamento desmontado e as 8:35 hs estávamos nos despedindo do cume do Cerro Verde em direção a bifurcação que havíamos deixado para trás no dia anterior. Após 1 hora, começamos a galgar pela, então desconhecida por ambos, trilha que leva em direção ao Luar.
     Aqui vale um precioso adendo: Os poucos relatos que existem dessa travessia, pouco dizem acerca da trilha. Pontos de água, rumos, vegetação, entradas, etc... Ficava intrigado com essa escassez de informação. Hoje entendo o porque: Não há nada o que dizer, pois não existem muitos pontos de referência... É uma trilha estranha, que às vezes toma rumo diferente do esperado, existindo muitas roubadas. Uma delas foi descrita por Mikael Arnemann, dizia ele em seu espaço internético ( http://altamontanha.com/blog/mikael/ViewItem.asp?Entry=11 ) que :  "...Após andar um longo trecho descendo, com várias bifurcações à direita que levam ao Tucum, chegamos num ponto onde se tem a certeza de que a trilha segue reto em frente. No entanto, esta faz um cotovelo e segue 90° para a direita. Pouco mais a frente chegamos num rio..."     Não adianta, se você não foi anteriormente com quem conhece, você passará reto nesse ponto, a não ser que alguém tome uma atitude de marcar a roubada; a trilha vai reto caindo num vale e... simplesmente acaba! Outro ponto, mais adiante, é que descendo os campos de altitude, quando se acha que a trilha (bem batida, nesse ponto) toma a direita e entra num pequeno vale, ela.... isso mesmo: some! Volte a alguns metros e verá uma tênue linha, pouco batida, de trilha que segue a esquerda... Esse ponto é confuso e perigoso. Ficamos mais de meia hora procurando a trilha. Com certa experiência, achamos a tênue linha que havia dito acima. Portanto, cuidado!
     Chegamos ao cume do Luar as 11:30hs, que é apenas uma pedra com caixa de cume e nada mais. Aliás, a caixa de cume estava sem tampa, com o fundo um pouco quebrado e sem livro de cume e sem caneta. Tomei as seguintes providências: coloquei um livro de cume novo, porém se alguma alma caridosa tomar a iniciativa de ir a esse longinquo cume, levem canetas para deixá-las lá... Também improvisei uma tampa para a caixa, com o fundo de uma garrafa pet cortada e encaixada, como uma medida remediativa urgente, cambiarra pura! Nesse momento, percebi que acampar no Cerro Verde tinha sido uma boa, pois não há lugar para acampar no cume do Luar, existe sim uma área, improvisada, já longe do cume em direção ao Última Chance... 
     Bom, depois de descer o campina da crista do Luar, entrará em um vale extenso, subindo outro morrete e entrando novamente na mata em direção ao Ultima Chance, daí não tem erro, caminha-se por dentro de um rio, mais um pouco de mata e entra-se em outro rio: O Ùltima Chance! Minutos depois encontrará o cruzo com a trilha que vem de baixo. Vindo do Luar a trilha parte para a esquerda, subindo, em direção ao Ciririca e a direita novamente para a bifurcação com a trilha de cima. Abasteça-se com água aqui. Logo em seguida, seguindo a esquerda para o Ciririca, começa uma pequena rampa e entra-se novamente num vale, que no fundo tem um pequeno riacho. Acredito eu que nos dias mais secos não há água nesse local.
          Subindo um pouco mais, encontramos a temida Rampa do Ciririca, alguns defendem a "grampeação" desta parede, o que acho uma tremenda de uma idiotice... Em dias de chuva, talvez ela se torne um problema, mas caso contrário, a rampa é vencida sem problemas com um pouco de esforço, prudencia  e paciência. Subindo aos poucos por uma crista, chega-se ao cume do Ciririca e enxerga-se as famosas Placas de aço.
           Andamos mais um pouco e chegamos a 1a.placa, mais alguns minutos de caminhada pela vegetação herbácea e as 17:45 hs. pisamos na área de acampamento, que fica exatamente ao lado da 2a. placa.
           Antes de qualquer coisa, Roberto e eu fomos cumprimentar as pessoas que já estavam no cume, gesto de civilidade e respeito.  Contei 7 barracas no cume e fiquei pensando que com aquele tempo, seria óbvio que montanhistas não quisessem ficar em casa assistindo TV. Fomos indagados se éramos a dupla que estava vindo pela trilha de cima, logo após a afirmativa, fomos cumprimentados pela "façanha" e coragem. Essa trilha, em alguns momentos, se torna quase que mítica, pois existe um certo temor em executá-la, embora em idos passados, essa trilha era muito menos frequentada e quase "impossivel" de se realizar. Após um dedinho de prosa com o pessoal, começamos a armar acampamento e fazer a "bóia", pois o sol já havia se escondido atrás do Tucum. 
           Roberto pegou o livro de cume para que deixássemos nosso registro. Meu companheiro, em geral, faz seu registro da seguinte forma: data, horário de chegada, nome completo e só. Dessa vez foi diferente... Empolgado, escreveu 2 páginas, pois essa conquista tinha um gosto totalmente especial! Com as coisas ajeitadas e com a barriga forrada, pegamos nossos sacos de dormir e ficamos deitados em uma laje de pedra bem ao lado da placa, conversando e olhando para o céu, que estava estupendo, tendo a lua crescente pendurada no firmamento.
          Após algumas conversas com o povo que estava por lá, acabamos sabendo que naquele dia estava acontecendo um evento da AMC (Montanhistas de Cristo), e naquele ápice estava indivíduos como o Jopz e o Beto, que conhecia apenas virtualmente, através de e-mails em listas e nos meios orkutais; lá estava também Alex, que conheci pessoalmente, pois algumas semanas antes tinha ido até o escritório onde trabalha, adquirir rádios comunicadores. 
          A noite foi tranquila, e como não podia ser diferente, Roberto e eu fomos até a 1a. Placa para ver o nascer do sol e também, como não podemos deixar de fazê-lo, subimos na placa, ver o visual lá de cima... Sonho de qualquer um que chega ao cume do Ciririca. Sem muitas delongas, às 09:35, saímos em direção ao Última Chance. Ao chegar lá, ao invés de retornarmos pela trilha de onde viemos, começamos a andar pela famosa "trilha de baixo", desconhecida tanto pelo meu companheiro quanto por mim. 
          A trilha segue hora subindo, hora descendo e após algum tempo, chegamos a "Pedra da Corda", um lance meio estranho de passar, ainda mais com cargueira, mas que é vencida com a ajuda de uma corda, que dá nome ao lugar. A trilha passa por lugares "mágicos", como o Poço das Fadas, que faz jus ao nome e dá a impressão ao transeunte que logo passará uma fada voando ou um duende a seus pés. Se trata de um grande anfiteatro de pedra, dois ou três rios que vem de direções distintas e que formam pequenos poços e cascatas. Uma magia, um lugar de encher os olhos.
Outro lugar interessante é conhecido como Cachoeira do Professor - Erwin Gröger, austríaco, orquidófilo, músico, poeta, pintor, agrônomo, escalador e tantas outras coisas, que teria que escrever  um texto somente para ele, é conhecido como Professor porque ao frequentar o Marumbi começou a ensinar, para a gurizada que começava a desbravar a Montanha Azul, as técnicas alpinas de escalada que aprendera na Europa. Morreu na sua mocidade, aos 96 anos, em 2008- A cachoeira é uma homenagem ao homem que andava por lá coletando orquídeas e bromélias e que, dizem alguns, foi quem abriu essa trilha até o Cume. (não é informação oficial, não tenho certeza do que estou escrevendo).
          Outro ponto interessante, e digo até perigoso, é quando nos deparamos com um grande vespeiro. As queridas amigas, no intuito de proteger seu lar, nos deram 4 presentes no Roberto e 2 em mim. Se fossemos alérgicos... hummm... Perigo na certa! 
          Algumas considerações: Não tenho certeza, mas acredito que a AMC " adotou essa montanha. Fico me perguntando o porque em alguns trechos o facão não é usado para abrir a trilha em lugares onde a taquaripoca tomou conta do pedaço, obrigando os montanhistas a tirar suas mochilas das costas para poder passar através do enlace. Abrir essas veredas de modo algum tira a dificuldade da trilha e também evita que sejam feitos desvios, resultando em um maior impacto. Outra coisa que percebi é o multicolorido e a excessividade nas fitações que estão sendo feitas por lá. Esclareço-me: Quanto as cores, existe uma "convenção", fazendo com que a trilha do Ciririca por baixo seja de cor Laranja, lá percebi azul, laranja, amarelo, verde, vermelho, sem contar nas sacolinhas plásticas. No início da trilha, existem dezenas de fitas amarelas, que foram colocadas, se não me engano, pelo pessoal do "Minhocas da Terra" (me perdoem se estiver errado). A intenção é ótima, mas as amarelinhas estão colocadas onde não há risco de dúvidas. Lugar confuso sim, é da bifurcação Tucum/ Cerro Verde até o vale que antecede o Última Chance, como expliquei acima. Acredito que atitudes simples terão um efeito ótimo nessas paragens. Se eu for dar uma andada por aí de novo, como já conheço a trilha, vou dar uma contribuição. Por falar no "Minhocas da Terra", providencial, necessário e louvável a atitude dos mesmos de colocar novas placas indicativas no cruzo Tucum/Ciririca; as plaquinhas antigas já estavam quase que deterioradas por completo e quase não oferecia sua real função: informar. Parabéns a eles!
           Bom, tentei colocar em pormenores tudo o que vi e percebi, mas acreditem, não chega nem a 20% de tudo. Aliás, um aviso aos incautos: embora as palavras aqui sejam amenas e a travessia seja de uma beleza singular, o negócio não é tão fácil quanto parece. Senso de navegação e orientação, conhecimento prévio de outras montanhas da região, dicas, relatos, experiência e preparo físico, são importantíssimos para que essa belíssima caminhada não se transforme em roubada, ou algo pior...
          Portanto, ficamos assim: Até a próxima, vou relatando minha vida, enquanto eu estiver ANDANDO POR AÍ... 
Com vocês, o vídeo oficial da aventura. Aproveitem!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ah, Marumbi...
Meu Marumbi!
Tu, que em tua grandeza ficas inerte
Que tens o céu a velar-te eternamente a tua imponência
Não me fez esquecer

Nem ao menos não sofrer por aquela que detêm o sol em si...
Tu que se vestes de gris e da relva verde
Nem ao menos se esforça para que meu pranto seque
Pois olho p'ras tuas paredes gigantes e comparo-as com a saudade que sinto
Saudades tão grandes quanto tuas sendas, tão imensas quanto o brilho dos olhos dela.
Montanha Azul
Retira-me o peso e a fadiga
O vento que sopra em teus outeiros
Imagino que sejam as mãos da menina
Que me afaga, me seduz
Que minha vida anima
Montanha que tens ventos impetuosos
Peço a brisa, que leve minha súplica:
Menina...
Tens os raios do sol, da lua e das estrelas no olhar
Quero ser teu mar
Para refletir o teu brilho...
Queria ficar contigo todo dia
Minha saudade gritou mais alto...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

E justo eu, que sempre tive o controle em minhas mãos, senti teu ventre desnudo junto ao meu,
teu corpo lindo ao alcance de minhas mãos.
Perdi o dom, fiquei perdido em teus beijos, acariciando teus cabelos.
E de tanto de querer, fiquei com medo de te perder.
Num instante, com as mãos espalmadas, tão constante
Me vi sem jeito, mas tão gostoso, tão bom... Tão cúmplice!
Sinto ainda o gosto do seu beijo e te quero tanto aqui comigo.
Me senti poeta sem rima
E você me agradece... Enquanto eu que detenho todo o compromisso.
Tecendo na alma, uma infinita calma
Burlando regras, talvez preceitos... E assim, sem nenhum preconceito ou pudor, entregamo-nos um ao outro... (à um amor?)
Mas o futuro é tão incerto, e somos tão discretos
E é tão difícil entender, que entre nós reina sentimentos tão puros, que para não ser injusto é melhor não nomear.
E mesmo correndo o risco de ser repetitivo, tenho que me expressar: Contigo me sinto vivo!
São duas vidas distintas, que agora estão unidas.
E mesmo que seja pouco ou efêmero, agora que te tenho, não quero mais largar!
Sempre quis alguém p'ra me entender e agora não sei como proceder
Você me deixa sem chão, sem ação, um bobo que não tem reação
Contigo é tudo diferente, e quando está presente, viro menino, muto-me em nova versão
E não há como negar que adoro teu sorriso, teu olhar, tuas curvas; tua boca a meu corpo roçar.
Sentir-me dentro de ti... tão quente, tentando ser prudente. Afinal, p'ra ficar na história, deixar gravado na memória
tem que ser bom, carinhoso, assim como aquele beijo gostoso que você me deu.
Por fim, pode até dizer que não, mas foi prova de amor... E é assim mesmo que me sinto: Amado!
E por fazer parte da minha vida
Mais uma vez eu te digo: Obrigado !

segunda-feira, 30 de maio de 2011

MARUMBI, e os trilhos de trem transformados em lixeira...

O fim de semana foi movimentado e acabei "acumulando milhas" de tanto que andei pelos arredores da "Montanha Azul". Primeira atividade que fiz vinculado ao CODEMA, Comando de Defesa ao Meio Ambiente. Horários acertados, as 09:00 hs da manhã de um sábado de sol meio tímido, partimos via Estrada da Graciosa em direção a Porto de Cima, onde deixaríamos os carros em uma chácara. Dois carros, em um: Emerson, Sissi e eu e em outro, Daniel, Marcos e Junior. Começamos a subida pela velha estrada que dá acesso a Estação de Porto de Cima. Via um pouco íngreme, cercadas de pequenas chácaras. Em poucos minutos vencemos a ascenção e estávamos na construção abandonada, pichada e em ruínas; total descaso com a memória de milhares de trabalhadores que serviram suas vidas a favor da Ferrovia Paranaguá-Curitiba; e com os milhões que virão após nós e que não terão a oportunidade de conhecer a história e a memória preservada de um patrimônio que é nosso. Criança aprende o que vê... Por enquanto, só está aprendendo a esquecer seus valores...
Esse video é a Estação Porto de Cima
Sacos de lixo nas mãos e seguimos pelo trilho em direção a Estação Eng. Lange. Impressionante como o ser humano tem a capacidade de influenciar o meio por onde passa, quantidade enorme de todo o tipo de resíduos despejados, principalmente por duas situações: TURISTAS que utilizam os serviços da SERRA VERDE EXPRESS  e não tem a mínima consciência ecológica, atirando de suas janelas latas de refrigerante, pacotes de salgadinhos e tantos outros resíduos; outra situação é a dos FUNCIONÁRIOS  da AMERICA LATINA LOGÍSTICA, que deixam materias como luvas, lonas, pacotes de suco e bolachas, protocolos numerados de viagem e problemas, sem contar nos restos de fogueira, inclusive com dormentes novos, utilizados para esquentar seus almoços... Algumas horas depois, por volta das 13:30hs chegamos a Estação Eng. Lange e cruzamos  o trilho e subimos a ínfima escadaria que dá acesso a casa que está cedida para uso do CODEMA. Depois de executar o reconhecimento  do local, como não tenho sossego e não consigo ficar parado, resolvi ir para Estação Marumbi rever alguns amigos que ja estavam por lá... Convidei meus colegas do CODEMA, mas percebi que eles queriam descansar, pois recebi somente respostas negativas ao meu convite. Após 15 minutos pela trilha do Antoninho Palmiteiro (que quase virou calceteiro, após executar quase 4000 metros de calçadas em pedra no Marumbi), cheguei a Estação Marumbi. Nem deu tempo de vasculhar o local e ja revi alguns velhos conhecidos que não imaginava vê-los por ali naquele dia, como Chico Jecupê e Julliane Saci. Logo após encontro meu amigo Ivan, depois, Robertinho, Bia, Silvia, Haroldo e cia. limitada, que tinham acabado de almoçar. Depois de algum papo e uma visita ao tunel abandonado, resolvi descer a trilha para ver como as coisas estavam em Lange... Tudo bem, sossegado... Logo passa Fritz e Rose em direção ao Marumbi, trocamos algumas palavras e comuniquei que os visitaria mais tarde no Marumbi. Algum tempo depois, resolvi subir novamente a trilha de 884 metros em direção a Estação, e isso se deu durante várias vezes. Até que por fim me dei por vencido e resolvi esticar as pernas em meu saco de dormir as 22:45 hs.  Acordei para ver as cores avermelhadas que o sol auroral causa nas paredes do Conjunto. após demorado café, o pessoal do CODEMA se estusiasmou e resolveram ir esperar outros membros do grupo que talvez chegasse junto com o trem de passageiros. O Marumbi faz-me sentir como um menino, não consigo parar de jeito nenhum, sempre andando pra lá e pra cá, vendo e conversando com vários amigos meus que estavam perambulando, sinto-me como se não "fosse de ninguem e de todos ao mesmo tempo", apenas compromissado em boas conversas descompromissadas e acabei fazendo o que nunca fiz ali, visitar o museu, a Pedra Lascada, Cemitério dos Grampos, pedacinhos esquecidos de um caminhante das alturas. Perambulando, as lembranças e os aprendizados se tornam vivos. Aprendizados estes que, em sua maioria, tive com um mestre, Robertinho... Mas isso é papo para outro capítulo, portanto, deixarei para depois em momento mais oportuno. Somente colocarei aqui dois aprendizados que se fizeram muito presentes nas minhas lembranças nesse meu gostoso final de semana, sobre as regras de conduta montanhística... Certa vez,  Roberto me contava que em tempos remotos sempre existiram algumas pequenas desavenças, assim como era comum o porte e o manuseio de facões, sempre embanhados na cintura. Mas quando o clima esquentava, o negócio era na "porrada", no "braço". Jamais alguém puxou uma faca ou facão da cintura para acertar alguém, era motivo de desonra, quase uma "ex-comunhão", ninguém mais o olharia com humanidade e o indivíduo perderia sua dignidade.
Pensei também sobre outra "regra": JAMAIS alguém era deixado para trás, nem mesmo morto. Era um pecado deixar alguém desamparado... Percebo que esses valores estão sendo deixados para trás... O individual está acima do coletivo, do outro... O que está em voga é o lixo, o caso, o acaso e a ocasião... Percebo que temos duas alternativas: Deixar que o mundo acabe em barranco e terminar de destruir  a memória, tanto a física quanto a imaterial. Ou fazermos um pedacinho das coisas certas que aprendemos, para que a DIGNIDADE  e os VALORES não morram...! Eu escolho a segunda alternativa, mas isso é uma decisão bem pessoal...
Fui a um dos poucos que não conhecia no Conjunto, o seu irmão menor Rochedinho, uma trilha super tranquila, com pouco mais de 30 minutos, de onde se descortina uma das visões mais completas do local.
A descida foi tranquila e super rápida. Logo estávamos felizes na nossa cidade natal para um bom e merecido banho quente...
Aqui acaba essa história...(fotos completas da aventura estão no Orkut, o endereço está no cabeçalho do Blog)

terça-feira, 24 de maio de 2011

O Grande Pasto do ARAÇATUBA





Bem, essa aventura começou na semana passada com o convite dos meus amigos, o gracioso casal Tebaldi. Ana e Gabriel teriam compromisso no dia 21/05 e não poderiam fazer uma atividade muito extensa. Eu também tenho me tornado um pobre servidor público, que ao menos um sábado por mês tenho que dedicar cerca de 4 horas sabatinas ao bem estar da população curitibana. Perfeito! O objetivo era o cume do Morro Araçatuba com 1673 metros de altitude, pertencente ao território do município de Tijucas do Sul/PR. No dia anterior uma ligação selou o combinado.

COMO CHEGAR NO ACESSO:
Pontualmente as 06:30 da manhã do dia 22/05/2011, aporto em frente a morada dos meus companheiros, que agilmente terminam de arrumar as coisas, e partimos rumo a estrada do Matulão. Aqui vai a dica para quem deseja chegar ao sitio de acesso saindo de Curitiba: Siga pela BR-376/101 em direção a Garuva, no KM 656,5 está a placa intitulada MATULÃO, uma entrada um pouco discreta a direita, que dá acesso a um vilarejo na margem da estrada. Siga SEMPRE pela via principal nas bifurcações que desviam para a direita e esquerda. Após uma grande descida, (haverá?) uma cobertura de eternit marca o rumo correto a ser tomado. Preste atenção! Bem na cobertura há uma estrada que se dirige à esquerda, é o caminho errado, alguns pequenos metros a frente pela via principal existe uma verdadeira bifurcação, onde você só pode escolher ir a esquerda ou a direita, é uma bifurcação que não existe a possibilidade "de seguir a frente ou pela principal". Há placas indicativas bem na bifurcação. Siga a esquerda. Após uma breve e ingreme descida, uma casa de material a esquerda com um grande gramado e uma casa de madeira, a direita da estrada, assinalam o inicio da trilha. A casa da esquerda é o lar de D. Felizberta, viúva de um simpático e acolhedor senhor chamado Amadeus, que deixou saudade nos frequentadores da região. Dizem que após 2 minutos de conversa, o transeunte que por ali passava logo virava um querido amigo do saudoso proprietário. A moradora cobra módicos R$10,00 por carro para deixar estacionado o veículo, usar os banheiros e perambular pela sua propriedade, onde fica o Araçatuba, além de uma descompromissada conversa.
A TRILHA:
Chegamos pouco antes das 08:00 da manhã e após alguns alongamentos colocamos o pé na estrada, digo, na trilha, hehehe. Entramos em um pequeno bosque de vegetação Ombrófila Mista, (mata de Araucária) e logo cruzamos um rio com agua gélida e cristalina. A subida nessa parte é tranquila, porém é perceptivel pois os corpos ainda se encontram frios. Pouco mais de 5 minutos a fresca vegetação se acaba e entramos em um samambaial, vegetação decorrente de inúmeras queimadas, sendo clara a passagem do fogo, haja visto a quantidade de madeira queimada e o solo em coloração enegrecida. Essa parte da subida é "idêntica" em boa parte da subida em direção ao Morro do Getúlio (Piolho) na Fazenda Pico Paraná. Mais alguns minutos atravessamos mais um rio e continuamos entre vegetação seca e esquálida. Tempos depois a trilha começa a percorrer os campos. Muitas pedras e inumeras, quase infinitas, trilhas feitas pelo gado marcam a passagem por essas paragens. Amigos meus já haviam me alertado sobre a infinidade de trilhas por lá existentes... Mas não sabia que eram tantas.Durante a travessia de algumas lajes de pedra, é muito fácil de entrar em alguma trilha errada. Sem problema nenhum, se não houver neblina, é claro! Se você não conhece o lugar e a neblina tomou conta da paisagem, e você está sem GPS... ACREDITE, VOCÊ ESTÁ ENRASCADO!!!
Bem, em algum lugar perto de uma cela que deveriamos atravessar bordejando o lado "meio-direito", ficamos na dúvida e tomamos a atitude de irmos ao encontro de um grupo de rapazes que estavam acampados no lado esquerdo do pequeno vale, que é encharcado devido as nascentes que correm do antecume do Araçatuba. Após alguns breves momentos de prosa, tomamos rumo em direção a uma parede na encosta de um morro. Esse morro é na verdade um vertente do Cume do Araçatuba que ficava invisivel nessa parte da caminhada, ou seja, estávamos subindo em direção a crista do antecume. Ali, Ana teve uma "aula" para dominar seus temores e superar limites, uma vez que tinha medo de subir paredes rochosas. Pois não é que aprende rápido? Instantes depois ja estava sapecando por entre um arbusto e outro em direção ascencional. Por alguns momentos tomei a frente, e em um pequeno platô perguntei aos meus nobres companheiros: E se eu dissesse que achei a trilha? Com dois olhares indagadores para mim, esperei a chegada deles ao ponto em que eu estava e pude observar a Ana boquiaberta, num misto de alivio e indignação, olhando uma larga e úmida trilha bem na sua frente, bordejada por uma verdejante vegetação pastoril.
É interessante salientar uma curiosidade: A todo momento você se vê em meio a dejetos bovinos, alguns mais antigos, outros com poucas horas, ficando evidente a presença deles naquele espaço. Porém, não vimos nenhum espécime para contemplação. Alguns metros a frente a trilha (?) tem uma variação que vai a esquerda para um morro um pouco mais baixo que o Araçatuba, neste ponto já é visivel o seu cume. A esquerda temos dois grandes vales que partem a alguns despenhadeiros. Logo a frente, uma bifurcação à direita leva ao cume do píncaro. Lógico que queriamos um desafio a mais pelas paredes e seguimos reto, passando por um desvio a esquerda que leva a uma grande pedra. Mais alguns metros e decidimos seguir ao cume pelas paredes. Nesse momento é que Ana mostrou que gostou de andar pelas rochas. Sai andando rumando para cima como um foguete. Gabriel ia na frente e foi o primeiro a chegar no fraguedo pináculo. Uma grande rocha assinala o cume, que por sinal, teve um BOSTA como visitante que teve o trabalho de entortar a caixa de cume. O livro estava em frangalhos e, para completar o ensejo, esqueci em casa um que sempre levo para substituição.  Logo o segundo grupo, o dos rapazes, chegou... e fui reconhecido. Indagado se não estava no 39o. Jantar da Montanha, respondi prontamente que sim, e minha identidade Papaelística Orkutal foi desvendada, rs. Conversa de cá, vento forte e gélido de lá, acabei observando que o grupo estava fazendo algumas investidas para a célebre travessia de 78 Km Araçatuba-Monte Crista... Do fundo do coração desejei sucesso na empreitada que, dizem, ser uma bela e inesquecível travessia por campos e vales. Bom, a descida não teve nenhum imprevisto, sempre pela ,agora bem demarcada, trilha principal. Entre uma piadinha e outra, coisa que Gabriel faz muito bem, descemos felizes e tranquilos. As 15:30 já estávamos em território curitibano e prontos para mais uma aventura...